A família Andrade possui uma história rica e antiga, com raízes europeias que se estendem pela Península Ibérica e além. O sobrenome Andrade, segundo o escritor Raimundo Girão, é de antecedência nobre, derivando do grego "androdes", que significa viril, robusto, corajoso. A linhagem é considerada multissecular e fidalga, originária da Galiza (Espanha) e, mais remotamente, da França.
Inicialmente, os Andrades se estabeleceram em Marco de Canavezes, no bispado do Porto, Portugal, e mais tarde obtiveram grandes posses na Ilha da Madeira, no local conhecido como Arco da Calheta. Essas posses foram doações reais a João Fernandes de Andrade e seu irmão Diogo, como reconhecimento por seus feitos heroicos em campanhas contra os mouros no norte da África. A linhagem Andrade em Portugal teve figuras importantes, como Nuno Rodrigues de Andrade, Mestre da Ordem de Cristo no século XIV, que foi antepassado de Pedro Álvares de Cabral, o descobridor do Brasil.
A ramificação da família Andrade é acreditada ter nascido na Europa e se espalhou de forma frondosa por diversos países, incluindo Espanha, Portugal, França, Argentina, Chile e Peru.
De acordo com Orlando Andrade, o primeiro Andrade chegou ao Ceará em uma mudança apressada e forçada, que pode ter coincidido com uma repatriação após a Guerra dos Mascates, vindo de Pernambuco. Esse primeiro Andrade no Ceará era Matias Vidal de Negreiros, sobrinho-neto de André Vidal. João de Andrade, patriarca da família, teve oito filhos, dos quais três vieram para o Ceará, seguindo a rota de "retirada para os sertões" de Pernambuco até o baixo Jaguaribe.
Matias Vidal de Negreiros (o segundo), nascido em Goiana, casou-se em 1728 com Clara de Araújo Sampaio, natural do Pajeú, na localidade de Caatinga dos Góes, que mais tarde se tornaria Jaguaruana. Esse casamento marcou o início de uma constante interligação entre os Andrades e os Sampaios.
A família Andrade era numerosa nas regiões de Goiana, Nazaré da Mata e Tracunhaém em Pernambuco. No Ceará, houve uma grande liberdade na adoção de sobrenomes pelos filhos e netos, mesmo dentro da mesma "tribo". Muitos filhos de Raimundo de Andrade Lima, por exemplo, não mantiveram o sobrenome do pai, embora Andrade voltasse a aparecer entre muitos netos. O sobrenome Vidal de Negreiros, embora mais recente, também é associado a dedicação e grandeza.
A família Andrade se espalhou por vários municípios do Ceará e convergiram para a capital, com muitos membros se transferindo para outras regiões do país e alguns até deixando de usar o sobrenome.
Um grupo familiar que se acreditava ser muito próximo eram os Andrades de Leiria, Portugal, que se estabeleceram no Brasil. No entanto, pesquisas revelaram que não havia um vínculo direto com a principal linhagem dos Andrades de Goiana. José Vicente de Andrade, de Leiria, Portugal, teve um filho, Joaquim José de Andrade, que emigrou para o Brasil em 1847 e se fixou em Fortaleza após servir na Guerra do Paraguai e em Canudos.
Em 1789, os filhos e netos de Matias e Clara se agrupavam em torno da Serra da Uruburetama. Quando a matriarca Antônia Francisca de Aguiar faleceu em 1842, os Andrades já se implantavam no vale do Maranguape. Em 1847, o Capitão Vicente de Andrade Lima se fixou no Serrote do Mocozal.
Outros grupos se estabeleceram em localidades como Sitiá, Baturité, Russas, Riacho do Sangue, Cachoeira, Cruxatí, Caxitoré, Tejuçuoca.
Cientista da computação e genealogista amador