A história e origem da família Feitosa no Ceará remontam ao século XVII, com a chegada do português João Alves Feitosa ao Brasil. De origem toponímica, o sobrenome "Feitosa" deriva de uma povoação em Portugal, na Freguesia do Minho, Comarca e Concelho de Ponte de Lima. João Alves Feitosa, o patriarca pioneiro da família Feitosa no Brasil, estabeleceu-se inicialmente em Penedo, Alagoas.
Posteriormente, seus irmãos Francisco Alves Feitosa e Lourenço Alves Feitosa, já casados, mudaram-se de Penedo para Serinhaém, Pernambuco, onde possuíam "currais de gado", uma expressão costumeira na literatura genealógica da família. A chegada deles ao Ceará ocorreu após 1682, inicialmente fixando-se nas bacias jaguaribanas e, depois, nos Inhamuns. Duas hipóteses são levantadas para a migração para o Ceará: uma razão bélica, ligada à Guerra dos Mascates em Pernambuco, e outra baseada em informações documentais, que sugere que o povoamento do Rio São Francisco e a florescente atividade pecuária levaram os irmãos a migrar para o Ceará, seguindo a "Estrada da Formiga". Esta segunda hipótese é considerada mais consistente.
No Ceará, os Feitosas plantaram raízes profundas, acumulando riquezas e alcançando alto prestígio político. O Comissário Geral Lourenço Alves Feitosa, por exemplo, tornou-se o maior sesmeiro da história colonial do Ceará, com 22 concessões de terras. A família consolidou sua presença nos Inhamuns, uma região que se tornou o maior polo de irradiação dos Feitosas para outros estados.
A ascensão dos Feitosas não foi isenta de conflitos. A mais famosa dessas contendas foi com a família Montes, um conflito que perdurou por anos no século XVIII, com razões controversas, desde questões de "honra" até disputas por terras, como as sesmarias da Lagoa do Iguatu e do Riacho do Truçu. Essa luta sangrenta é lembrada como um caso clássico de rixas familiares. As autoridades cearenses e pernambucanas mostraram-se impotentes para apaziguar os ânimos, exigindo a intervenção direta de Portugal. Os Feitosas e os Araújos se entrelaçaram genealogicamente através de sucessivos casamentos, especialmente a partir da terceira geração do Coronel Francisco Alves Feitosa.
A família Feitosa foi instrumental na fundação de cidades e localidades, como São Pedro da Cachoeirinha (hoje Parambu) e o Serrote (Vila Feitosa, em Caririaçu). Sua influência se estendeu para além do Ceará, com ramificações significativas na Paraíba, Piauí, Maranhão, Espírito Santo e Rio Grande do Norte. A homonímia (repetição de nomes) e a endogamia (casamentos entre parentes próximos) foram tradições seculares que contribuíram para manter o domínio das posses e a coesão dos clãs.
A família Feitosa produziu numerosos indivíduos notáveis, incluindo políticos, juristas, médicos, escritores e religiosos. O historiador Oliveira Viana descreveu os Feitosas como um dos grupos parentais mais poderosos da história brasileira, com enorme repercussão nas instituições locais.
A genealogia da família Feitosa é amplamente documentada, especialmente no "Tratado Genealógico da Família Feitosa" de Leonardo Feitosa, obra pioneira e "bíblia" para estudos da família, com a primeira edição em 1952 e a segunda em 1985. Este trabalho foi continuado por outros estudiosos, como Aécio Feitosa e Nertan Macêdo, que também contribuíram para a preservação e divulgação da história e genealogia dos Feitosas.
Fontes bibliográficas:
Cientista da computação e genealogista amador